6/23/2006

Butantã-USP (o ônibus do saber)



Caroline Theml
No meio do caminho tinha um buraco

Quando olhava na janela,
Vendo a gente que passava,
E o ônibus correndo, não esperava,
Não ligava...
Não

Não
O ônibus pulou
E depois não vi mais nada.
Tudo bem, não ligo não, deixa estar,
Que na avenida, ele vai dar muita freada.


Carol

Dias de butantã 23/06/2006 14:50
Desci a rua para tomar o ônibus. Disseram-me por vezes que aprendesse a dirigir; não me entusiasmei. Dentro do ônibus reclama-se esparsamente, tomar o Butantã-USP às sete da manhã é o caos! Algumas vezes ele nem mesmo irá parar para buscar-nos, passando direto e indiferente. Os que ficam pasmam, estrebucham, indignados... Uma graça!
Uma graça eu direi, passada a desgraça. Os que param mesmo são os mais cheios; "meu dever é parar no ponto", "enquanto tiver espaço pra mais um, eu paro". Critica-se a prefeitura, a empresa, enquanto uns dão seu lugar, outros se oferecem para segurar os pesos. O maior exercício da cidadania! As pessoas já não se ignoram... Alguns se conhecem, outros já são conhecidos.
A morrinha, no inverno em SP, torna-se calor humano. É verdade! Não reclamo. Dentro de mim a ausência, a carência me torna mais que tolerante; vou o caminho em pé, com impostura, maior seja o balanço, qual carruagem, donde desço termina a viagem.
O retorno é mais solitário. Querem me acompanhar às vezes, eu não faço caso, mas com eles ainda estarei sozinha. É que o retorno, o faço sentada! O dia está sempre mais claro neste horário e o ônibus mais vazio. Sento-me com gosto. Passará bem uma hora num hipismo veloz de balanço imprevisível.
Sim, a volta é a melhor parte. É por causa dela que eu iniciei a narração. Mas não posso narrá-la sem recorrer a uma prosa excessivamente poética. Ou uma poesia em prosa. Não posso contar sem ser por demais Clarice, perdendo-me em devaneios e metáforas! E as metáforas sempre me levarão a outras metáforas.
O que posso dizer é... Não comprarei tão cedo um carro, pois é mais interessante tomar um livro que um volante nas mãos. E é mais desejoso desconhecer o próximo balanço do veículo que prevê-lo (e evitá-lo). Sim. Pois se os pontos de partida e de chegada ainda são os mesmos, não me importa o quanto dure a viagem, nem o veículo dela, desde que seja agradável; que não seja um tempo perdido, mas desfrutado.
apagar

Carol



Edson Kazuto

Butantã! 23/06/2006 15:31
Certa vez quando a USP alagou,
Passamos por dentro do Instituto Butantã pra fugir d´água...
Jamais houve mágoa...
Meus 5 filhos foram registrados todos eles...
No cartório do Butantã...
Butantã é o templo onde cultivei meu intelecto!
Jaz em suas portas o recanto da USP!
Uma cidade dentro de um bairro!

Butantã, quantos dias passei sob sua graça
Estudando em seus bancos de praça ao som das cigarras estridentes nos dias de sol em meio às cobras, ou na casa de Cultura Japonesa, olhando apaixonado as gotas nos dias de garôa...

Infindáveis vezes aglomerado no ponto da História: Nave Espacial da Cultura e da Verdade! onde a tradição oral descreve o que os livros e a ditadura calaram...

Butantã, sua origem salvou muitas vidas, hoje através da cultura, no passado, vidas com o soro antiofídico!

Construído por brasileiros, tudo em seu seio frutifica e deixa sua marca...

Butantã é a arca do conhecimento...
E Butantã-USP o ponto final de pessoas que buscam e não se importam de buscar toda esta verdade!

Olho pela janela!
A cidade me sorri desejando boa viagem!



Edson Kazuto

Gorete! 23/06/2006 15:37
Gorete tinha uma filha loirinha da cabelos cacheados...
Seu nome tirado do conto imortal dos Miseráveis não lhe marcou a vida ingrata de Vitor Hugo...
Gorete salvava vidas...
Vendia remédios que curaram as dores do corpo...
Ela lembra de mim quando nos encontramos...
Pegávamos o mesmo ônibus em 1989: Butantã-USP!


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